quarta-feira, 6 de julho de 2011

Seguro expressa opinião sobre extinção de concelhos em carta escrita aos Presidentes de Câmara Municipal Eleitos pelo Partido Socialista


"Têm surgido diversas notícias na comunicação social relativas às intenções do actual Governo em avançar com a extinção de concelhos e de freguesias.
 Quero transmitir-lhe, com clareza, que sou contra a extinção dos actuais concelhos, excepto se a mesmo decorrer da vontade própria das suas populações. É necessário reduzir despesas. Mas há outras formas de o fazer, nomeadamente através do associativismo intermunicipal e da alteração da lei eleitoral autárquica. Reduzir despesa é uma necessidade, mas esta reforma deve prosseguir o objectivo da racionalidade e da eficiência, de modo a que as pessoas possam ser melhor servidas e as autarquias possam realizar as suas funções.
 Todo este processo de reorganização administrativa deve ter em conta o papel insubstituível dos autarcas, em particular, o dos Presidentes de Câmara. Na formulação da proposta, na sua preparação e execução. Mexer nos concelhos e nas freguesias do nosso país é mexer com as pessoas, com a sua identidade e com a sua história.
 Se vier a ser eleito Secretário-Geral do PS, como espero, quero trabalhar consigo, e com os nossos autarcas, na procura de soluções que diminuam a despesa pública, eliminem duplicações de estruturas administrativas, introduzam maior racionalidade e eficiência nas nossas autarquias.  Sou contra a reorganização administrativa feita “a régua e esquadro”, por um conjunto de tecnocratas que utilize, exclusivamente, o número de habitantes ou a área do respectivo concelho como  únicos critérios para operarem mudanças.
Uma reorganização a ser feita nesta base apenas reforçaria o poder central e a cultura centralista, responsável pelo bloqueio do desenvolvimento de tantas regiões e concelhos do nosso país.
Também em relação às freguesias é possível encontrar soluções de racionalidade, procedendo à eliminação da duplicação de estruturas administrativas, em particular nas zonas urbanas e nas sedes de concelho, onde existe uma forte acessibilidade aos serviços da autarquia municipal. No mundo rural, freguesia é, por vezes, a única ligação das populações com o Estado. Deveremos agir com bom senso e não desproteger partes do nosso território, em particular no interior, já tão desertificado.
As populações locais devem ser previamente auscultadas e participar activamente nesse processo, designadamente através do seu Presidente de Câmara. A manutenção da identidade e a introdução de maior racionalidade, poupança e eficiência constituirá um equilíbrio desejável.
O PS, como partido responsável e de oposição construtiva, estará disponível para participar activamente no processo de reorganização administrativa do nosso país.".


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